18 de julho de 2011

Suave Caminho


Como combinado no post 1ª reportagem: transporte público para deficiente
vou apresentar mais um trabalho realizado com os meus novos amigos: Sonia e Jeferson, que foram meus entrevistados durante a produção da reportagem Acessibilidade e Sensibilidade - duas coisas de que eles precisam.


O que eu não contei ainda é a atividade que esse casal fantástico desenvolve diariamente. Sonia e Jeferson é um casal como outro qualquer. Acordam cedo, vão trabalhar, arrumam a casa, mas depois do almoço eles recebem crianças na garagem de casa para ajudar aquelas que apresentam dificuldades na escola, durante o processo de alfabetização.

Esse projeto que eles criaram chama-se Suave Caminho - apoio ao aprendizado. Durante os quatro anos da existência desse trabalho, dezenas de crianças já passaram pela garagem do casal. Depois do reforço escolar que recebem todas as tardes, elas conseguem acompanhar sua turma da escola tradicional, sem as dificuldades de antes. 

No 1º semestre de 2010, o professor de Radiojornalismo II, Gil Santiago, propôs outro desafio: produzir uma matéria especial de rádio, de no máximo 10 minutos, com um tema diferente e de interesse da sociedade. Um detalhe importante: esse trabalho também poderia ser feito em dupla, portanto, mais uma vez eu e meu companheiro de profissão, Leandro Martins, nos unimos e convidamos o casal para participar desse projeto que rendeu bons frutos.

Para saber mais sobre essa incrível história apresento agora a matéria especial: Suave Caminho - onde o quase impossível, se torna possível.




Esse trabalho contou com a produção dos repórteres Bruna Zanuto e Leandro Martins. Não posso deixar de mencionar todo o apoio de Sonia Soranzo, Jeferson Andrade, as crianças que participam do projeto e seus pais. Os créditos também vão para o nosso mestre Gil Santiago, que fez a vinheta de abertura e fechamento da matéria, e para o técnico de aúdio Henrique Falleiros, que ajudou na escolha das músicas background (BG) e na edição da reportagem.

Sonia, Jeferson, eu e o pequeno Léo, que participa do projeto

Como disse no começo deste post, esse trabalhou rendeu bons frutos. Primeiro, porque as melhores matérias foram transmitidas no programa Frequência Universitária da rádio Eldorado 1330 AM, de Ribeirão Preto. E a nossa estava entre elas. Segundo, porque ganhamos o 1° lugar na modalidade RADIOJORNALISMO: MATÉRIAS JORNALÍSTICAS, na Mostra de Prêmios Unaerp – edição 2010. Fora tudo isso, com o apoio do professor Gil Santiago, enviamos esse trabalho para a rádio Cultura Brasil (ZYK 520 – 1200kHz), de São Paulo, para participar do Programa Estudante (edição 2010) e fomos um dos selecionados. Nossa matéria foi transmitida no dia 23 de outubro de 2010 para todos os paulistanos. Agradeço a todos que colaboraram para essas conquistas.

Certificado do Prêmio Unaerp Mostra de Atividade


Certificado de participação no Programa Estudante, da Rádio Cultura Brasil

17 de julho de 2011

Apito inicial da reportagem: pauta

Nos post’s anteriores, eu apresentei uma reportagem que foi produzida para um veículo impresso (1ª reportagem: transporte público para deficiente) e depois adaptada para a linguagem de rádio (Linguagem de rádio). Mas será que ficou faltando algo? Sim, faltou: a pauta.

A pauta é o ponto de partida da produção de qualquer reportagem. Ela serve como guia para o repórter, pois contém informações que vão nortear todo o trabalho durante a produção de uma matéria jornalística. Detalhe importante: a pauta é um guia e não uma promessa que deve ser cumprida a risca.

Quando elaboramos uma pauta possuímos informações bem limitadas sobre o assunto em questão, portanto, no decorrer da produção de uma reportagem é muito comum a mudança do enfoque, visto que, somos apresentados a outras angulações do fato que não tínhamos conhecimento.

A pauta é composta, basicamente, pela retranca (o assunto da reportagem resumido em duas ou três palavras), contextualização (todos os dados já obtidos sobre o assunto pesquisado), enfoque (abordagem que o repórter dará a sua matéria) e fontes (as possíveis pessoas entrevistadas). O pauteiro ou produtor também pode colocar algumas sugestões de perguntas, mas é claro que o repórter pode acrescentar mais questões no decorrer da entrevista.

O leitor mais atento vai verificar que nas sugestões de perguntas do exemplo de pauta abaixo, eu repeti a mesma pergunta para entrevistados diferentes. Isso não foi por preguiça ou por falta do que perguntar, mas sim, para saber se há divergências de opiniões, além de mostrar os dois lados da história.

Se o leitor ficou curioso e quer mais informações sobre o que é uma pauta, sugiro a visita no blog Novo em Folha, que é escrito pela jornalista Ana Estela, entre outros repórteres da Folha. Clicando aqui, é possível ter mais informações sobre o assunto.

Logo abaixo, publiquei a pauta que foi o guia da minha primeira reportagem: transporte público para deficientes.

PAUTA

REPÓRTERES: Bruna Zanuto e Leandro Martins
EDITORIA: Cidade
DATA: maio/2010
RETRANCA: transporte público deficiente

CONTEXTUALIZAÇÃO: Ribeirão Preto conta atualmente com uma frota de 311 ônibus, sendo somente 57 adaptados para cadeirantes, que atendem a 43 linhas, segundo o jornal A Cidade de 18 de março de 2010. Diante da NBR 14.022, até 2014 todos os ônibus do país deverão ser adaptados para portadores de deficiência. O modelo de transporte público adotado na cidade é baseado em um sistema radial, onde todas as linhas convergem para o centro. Devido o crescimento da cidade, esse sistema dificulta o transporte de deficientes, quando esses devem fazer uma parada no Centro para embarcar à outro bairro, pois além de atrasar a viagem, o Centro é um local de circulação intensa de pessoas. Os ônibus adaptados e entregues pelas três empresas de transporte público de Ribeirão (Transcorp, Turb e Rápido D’Oeste) possuem plataformas elevadiças para os cadeirantes, mas os pontos de ônibus muitas vezes não oferecem condições de acessibilidade para os demais deficientes.

ENFOQUE: produzir uma reportagem para o rádio focando na pouca disponibilidade de ônibus adaptado para deficientes e cadeirantes em Ribeirão Preto. Mostrar a existência de uma lei que garante que todos os ônibus deverão ser adaptados até 2014. Apresentar as dificuldades encontradas pelos deficientes no sistema de transporte coletivo urbano. Verificar se os pontos de ônibus do centro da cidade têm condições físicas acessíveis para um cadeirante fazer uma parada e poder embarcar em outro ônibus, quando necessário. Apontar os motivos que inviabilizam ou adiam a substituição da frota de coletivos atuais para uma frota adaptada.

FONTES:
-diretor de Transportes da Transerp, empresa que gerencia o trânsito e o transporte público em Ribeirão Preto, José Mauro de Araújo
-presidente do Conselho Municipal da Integração a Pessoa com Deficiência, Sheila Aparecida Simões
-deficiente visual que utiliza o transporte público para locomoção, Luiz Gonzaga

SUGESTÕES DE PERGUNTAS
Deficiente
-como é realizado o embarque de desembarque nos ônibus coletivos?
-qual foi o tempo máximo que você esperou para embarcar em um transporte coletivo?
-quanto tempo, em média, demora o seu embarque e desembarque em um ônibus?
-os equipamentos destinados a atender as pessoas com deficiência estão em perfeitas condições?
-os pontos de ônibus oferecem acessibilidade aos deficientes?
-qual a maior barreira nesses pontos?
-tem alguma sugestão para a melhoria do transporte coletivo para os deficientes?

Diretor de Transportes da Transerp
-quantos ônibus e linhas existem em Ribeirão Preto?
-desse número, quantos estão adaptados às pessoas com deficiência e pouca mobilidade?
-qual a linha que tem o maior fluxo de deficientes, cadeirantes e pessoas com pouca mobilidade? Essa linha está adaptada para atendê-los melhor?
-com que freqüência os ônibus passam por manutenção para verificar se os equipamentos estão funcionando corretamente?
-a frota de ônibus adaptados em Ribeirão Preto atende a todos com rapidez, conforto e segurança?
-os motoristas são treinados para utilizar adequadamente os equipamento dos ônibus adaptados e para atender os deficientes?
-há algum estudo para mudar ou complementar o modelo de transporte adotado na cidade para garantir mais rapidez aos usuários?

Presidente do Conselho Municipal da Integração a Pessoas com Deficiência
-há alguma estatística do número aproximado de deficientes em Ribeirão Preto?
-qual a maior dificuldade enfrentada pelo deficiente no transporte coletivo?
-os pontos de ônibus de Ribeirão Preto oferecem acessibilidade?
-a frota de ônibus adaptada em Ribeirão atende a todos com rapidez, conforto e segurança?
-tem alguma sugestão para a melhoria do transporte coletivo para os deficientes?
-qual a sua crítica em relação ao transporte público para os deficientes?

Linguagem de rádio


No 1º semestre de 2010, o professor da disciplina Radiojornalismo II, Gil Santiago, pediu que elaborássemos uma matéria (de no máximo quatro minutos) e que escolhêssemos temas que interessassem ao ouvinte. A matéria seria veiculada no programa Frequência Universitária, da Rádio Eldorado 1330 AM, de Ribeirão Preto-SP.

O Frequência é um programa, com duração entre uma e duas horas, produzido, editado e apresentado pelos alunos de jornalismo da Unaerp. Esse programa conta com editorias fixas como: esporte, livro, filme, saúde, música e cultura, mas criamos também diversas outras editorias, como educação, economia, agronegócio, moda, etc.

Diante da importância sobre o transporte público para deficiente - apresentada no último post no Robin Hood de Saia - pensei em estender a discussão e divulgar as informações obtidas nesse veículo de abrangência local: o rádio.

A partir daí, eu e meu colega de classe e de profissão, Leandro Martins, adaptamos a reportagem do impresso para a linguagem de rádio. Realizamos entrevistas com uma preocupação maior com a sonora e elaboramos o roteiro da matéria. O técnico de áudio, Henrique Falleiros, ajudou-nos com a edição da reportagem, no programa Sound Forge. Aliás, programa que utilizo até hoje para edição de músicas.

Confira abaixo, o roteiro e o resultado do nosso trabalho. Não se atente ao sotaque puxado (porrrrta, porrrteira e porrrrtão), e sim ao conteúdo e a qualidade do material. Futuramente será necessário umas sessões de fono para perder alguns vícios na pronúncia e na linguagem.



ROTEIRO DE RÁDIO

REPÓRTERES: Bruna Zanuto e Leandro Martins
EDITORIA: Cidade
DURAÇÃO: 4’10”
DATA: 13/05/2010

LOCUTOR
A norma técnica catorze mil e vinte e dois / diz que até dois mil e catorze todo o sistema de transporte coletivo / deverá se tornar acessível para todos. / As três permissionárias Turb, Transcorp e Rápido D’Oeste, que prestam serviços de transporte coletivo na cidade de Ribeirão Preto, / disponibilizam trezentos e onze ônibus / distribuídos em oitenta e quatro linhas. / Os deficientes contam com setenta e sete veículos adaptados, / que não é suficiente para atender a demanda.

REPÓRTER LEANDRO MARTINS
Ribeirão Preto possui oitenta e quatro linhas de transporte coletivo / por onde circulam trezentos e onze ônibus e trinta vans do sistema Leva e Traz, / que operam gratuitamente vinte e oito rotas. / Desse total de veículos, / setenta e sete ônibus e dezesseis vans / são adaptados para pessoas com algum tipo de deficiência / ou com mobilidade reduzida.
No ano de dois mil e oito, / apenas oito veículos eram adaptados para pessoas com deficiência. / O aumento aconteceu a partir do ano passado com setenta ônibus adaptados.
As linhas do transporte coletivo em Ribeirão que tem maior demanda de usuários com algum tipo de deficiência são / Ribeirão Verde, Jardim Amália, Jardim Heitor Rigon, Fórum, Iguatemi e Hospital das Clínicas.
A norma NBR catorze mil e vinte e dois / diz que até dois mil e catorze todo o sistema de transporte coletivo, / incluindo pontos de parada, terminais e o sistema viário, / deverão se tornar acessíveis para todos.
Segundo o diretor de transporte da Transerp, José Mauro de Araújo, / apenas parte dos transportes em algumas linhas estão adaptados. / Ele também explica que a norma será cumprida com dois anos de antecedência.

SONORA JOSÉ MAURO DE ARAÚJO
D.I.: “Cada linha tem uma frota de veículos...”
D.F.: “...com toda a frota adaptada.”

REPÓRTER BRUNA ZANUTO
Ribeirão possui sessenta e oito mil pessoas com algum tipo de deficiência. / A maior dificuldade que essas pessoas encontram para utilizar o transporte coletivo / é a falta de acessibilidade.
A pouca disponibilidade de ônibus adaptados/ também prejudica o atendimento das pessoas que precisam de atenção especial / durante o percurso.
Outro problema encontrado nesses veículos / são as várias funções que tem de ser desempenhadas pelo motorista. / A ajuda que o condutor oferece aos deficientes / é prejudicada pela falta de tempo disponível, / sendo que ele ainda precisa dirigir e voltar o troco aos demais usuários.
O Leva e Traz possui dezesseis vans adaptadas, / sendo que dessas apenas catorze estão em circulação. / As outras duas ficam de reserva para substituição, / caso ocorra algum problema.
De acordo com a presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Sheila Simões, / o número de vans disponíveis não é suficiente para atender / todos os deficientes cadastrados no conselho.

SONORA SHEILA SIMÕES
D.I.: “A maior dificuldade no transporte...”
D.F.: “...98 pessoas cadastradas aqui no conselho.”

REPÓRTER BRUNA ZANUTO
Para Sheila Simões, / o sistema de transporte para deficiente apresenta falhas. / Várias queixas são registradas diariamente pelos deficientes que utilizam os veículos adaptados.

SONORA SHEILA SIMÕES
D.I.: “Nós temos reclamações diárias...”
D.F.: “...cadeira de rodas ele não eleva.”

REPÓRTER LEANDRO MARTINS
Além dos cadeirantes, / os deficientes visuais também sofrem com as barreiras impostas / pelo sistema de transporte coletivo. / Os pontos de ônibus no centro da cidade também atrapalham. / Os deficientes visuais não conseguem saber qual ônibus está se aproximando / e nem sempre as pessoas estão dispostas a ajudá-los.
A acessibilidade apresenta problemas / na medida em que interfere na disposição de poltronas dos veículos / e na falta de cobertura de alguns pontos de transporte coletivo. / É o que afirma o deficiente visual Luiz Gonzaga Peres.

SONORA DEFICIENTE
D.I.: “e a maioria deles...”
D.F.:”...passa dali a vinte minutos.”

D.I.: “geralmente o seu banco...”
D.F.:”...porta pra ele descer.”

REPÓRTER BRUNA ZANUTO
Mesmo com toda a frota adaptada, / a partir de dois mil e catorze é interessante conscientizar a todos que não possuem nenhum tipo de deficiência, / que respeitem as pessoas com determinadas limitações / ou com mobilidade reduzida. / Pois, hoje, o deficiente é visto como mais um dentro do veículo / e não alguém que precisa de atenção especial. / Leandro Martins e Bruna Zanuto / para o Freqüência Universitária.

#curiosidades

Utilizamos a barra / nos textos de rádio para marcar os locais onde faremos uma breve pausa para respirar e não perder o fôlego na metade da leitura. Nem sempre ela coincide com o ponto final ou com a vírgula. E detalhe importante: cada um tem um ritmo, portanto, é interessante que quem for apresentar um texto, pontue-o com a / no local onde achar necessário fazer a pausa.

 Colocamos os numerais em negrito para ficar nítido onde começa e onde termina a leitura de um número que tenha mais de duas palavras como, por exemplo, vinte e dois. Pois, se houver casos de números extensos, teremos pouca chance de falar o número pela metade e cometer uma gafe ao vivo.

As abreviações DI e DF significam, consecutivamente, Deixa Inicial e Deixa Final, ou seja, onde começa e termina a sonora do entrevistado, facilitando a vida do técnico de áudio durante a edição.

3 de julho de 2011

1ª reportagem: transporte público para deficientes

A reportagem abaixo, foi um trabalho realizado para a disciplina Redação Jornalística I, no 1º semestre de 2010. O desafio proposto pela professora Carmen Cagno era realizar uma matéria fria, relevante, com várias fontes (entrevistados) e de no mínimo três laudas (páginas).

A ideia de abordar o transporte público para deficiente, surgiu devido a minha preocupação com as pessoas com mobilidade reduzida e que tem grandes dificuldades de locomoção na cidade de Ribeirão Preto-SP.

A partir daí, começaram as pesquisas na internet para descobrir quais seriam as fontes mais interessante e os seus contatos. Depois veio a melhor parte e a mais complicada: conseguir contato com a fonte e agendar a entrevista. É claro que nós, repórteres, aceitamos qualquer horário e local que a fonte propor. No meu caso, a maior dificuldade era conciliar as entrevistas com o horário do meu trabalho (na época, era desenhista em um escritório de arquitetura) e com os horários de aula. Mas tudo o que é mais difícil, também é mais gostoso. E a minha vontade de ver o resultado do trabalho, me instigou ainda mais.

Sonia e Jeferson, o casal de cadeirantes entrevistados, não foram somente duas fontes para uma importante reportagem. Eles passaram a fazer parte do meu grupo de amigos e já realizamos diversos projetos juntos, conforme você poderá acompanhar no Robin Hood de Saia

O repórter tem o prazer de conhecer pessoas incríveis a cada reportagem que ele começa. Agradeço muito a minha profissão, por me proporcionar isso.

Acessibilidade e Sensibilidade: duas coisas de que eles precisam

Acorda às 6h, se arruma, toma o café, vai para o ponto de ônibus pegar o transporte coletivo e ir para o trabalho. Espera dez minutos, espera vinte minutos, espera quarenta minutos. Lá vem ele! O ônibus aponta na esquina. Começa a desviar do buraco na calçada, depois de um morro de saco de lixo bem em cima da rampa. Agora sim, fica de prontidão, só aguardar o veículo parar. O ônibus para, o motorista desce, mas o elevador não. Mais uma vez o elevador não funciona! Sem ter como embarcar, fica no ponto novamente, até o próximo ônibus adaptado passar. Espera vinte minutos, espera... espera... A vida passa, a paciência passa, só o ônibus que não. Fica difícil assumir compromisso, se precisar utilizar o ônibus para chegar até o seu destino. E assim é a rotina de um deficiente que depende exclusivamente de transporte coletivo para se locomover.


Ribeirão Preto-SP conta atualmente com uma frota de 311 ônibus, 84 linhas e 30 vans do Leva e Traz para atender todos os usuários de transporte coletivo. Do total destes veículos, somente 77 ônibus e 16 vans são adaptados para pessoas com deficiência ou com a mobilidade reduzida. Das 16 vans disponíveis aos deficientes, somente 14 estão em circulação constante, as outras duas ficam de reserva, caso outro veículo tenha problema.


O sistema atual de transporte coletivo na cidade é o mesmo desde 1984. O modelo adotado na cidade é baseado em um sistema radial, onde todas as linhas convergem para o centro e também em linhas circulares, diametrais e perimetrais. Há três permissionárias que oferecem transporte coletivo ena cidade: Transcorp, Turb e Rápido D’Oeste. Atualmente, a Turb disponibiliza 43 ônibus adaptados, a Rápido D’Oeste 21 e a Transcorp 11. Mas esse número ainda não é suficiente para atender os 68.000 deficientes residentes em Ribeirão Preto, segundo dados do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.
 
Jeferson Andrade esperando o ônibus adaptado da Turb, linha Jardim Amália
A NBR 14.022 diz que até 2014 todo o sistema de transporte coletivo, incluindo não só os veículos, mas também pontos de parada e terminais, deverá estar adaptado de forma a assegurar o uso pleno com segurança e autonomia por todas as pessoas. A norma define como veículos acessíveis quando esses possuem as seguintes características: piso alto com embarque elevado externo ou plataforma elevatória, comunicação visual e tátil, 10% ou mais de assentos preferenciais, área reservada para cadeira de rodas e cão-guia, pontos de apoio em amarelo, interruptores com símbolos de parada, perfis nos degraus e o Símbolo Internacional de Acesso (SIA).

VEÍCULOS ADAPTADOS
No ano de 2008, existiam apenas oito veículos adaptados em Ribeirão Preto. Esse número começou a aumentar a partir do ano passado, com um acréscimo de 70 ônibus adaptados na frota. De acordo com dados oferecidos pela Transerp, as linhas que têm maior demanda de usuários com algum tipo de deficiência são: Ribeirão Verde, Jardim Amália, Jardim Heitor Rigon, Fórum, Iguatemi e Hospital das Clínicas. Sendo que parte dos veículos dessas linhas são adaptados.

O diretor de Transporte da Transerp, José Mauro de Araújo, afirma que Ribeirão Preto entregará toda a frota adaptada até 2012. Ele explica que todos os veículos adaptados em circulação já atendem os requisitos pedidos pela norma técnica. José Mauro garante que todos os motoristas passam por um treinamento constante para manusear corretamente as plataformas elevadiças. “Eles passam por reciclagens constantes. Nós não temos reclamações nesse sentido. São treinados pelas empresas para oferecer o melhor para o usuário. Tendo o equipamento, eles já são treinados para isso”, explicou.


O diretor também garante que os veículos adaptados atendem todas as pessoas com rapidez, conforto e segurança. Já a presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Sheila Aparecida Saldini Simões, afirma que os veículos adaptados “não atendem todos os deficientes nem com rapidez, nem conforto e nem segurança”. Ela explica que recebe reclamações diárias sobre veículos que não dessem o elevador, outros que não abrem a porta ou quando o deficiente se posiciona na plataforma, essa não se eleva.


Para Sheila, a maior dificuldade que o deficiente tem no sistema de transporte é a falta de acessibilidade. Rampas com inclinações inadequadas, falta de cobertura nos pontos, equipamentos sem manutenção e o descuido de alguns motoristas de não estacionar rente a calçada contribuem para a inacessibilidade do deficiente.

VANS DO LEVA E TRAZ
A presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência apontou também o número insuficiente de vans do Leva e Traz para atender a demanda dos que necessitam desse tipo transporte, que é elaborado para atender as pessoas que não conseguem sentar ou que precisam de tubos de oxigênio. “Nós temos uma lista de espera de 98 pessoas cadastradas aqui no conselho”, declarou Sheila.

Sonia Maria Soranzo, de 50 anos, é cadeirante e utiliza o Leva e Traz todos os dias. A van a busca em sua residência, no bairro Jardim Amália, e a leva até o seu trabalho na escola Albert Sabin, onde é telefonista. Sonia explica que o sistema de transporte do Leva e Traz dá prioridade a saúde, educação e trabalho, mas não oferece transporte destinado ao lazer. “Uma coisa que está muito difícil para o deficiente é o lazer. A gente pode ir num shopping, numa praça, mas aqueles deficientes mais debilitados ficam numa situação complicada”, afirmou Sonia. “Eles saem de uma fisioterapia e vão para um hospital. É um ambiente de sofrimento. Então, não tem um ambiente que eles vão para se alegrar”.

PROBLEMAS NA ACESSIBILIDADE
O marido de Sonia, Jeferson Andrade, de 45 anos, também é cadeirante e utiliza com frequência o transporte público. Jeferson apresenta algumas queixas em relação aos veículos. “Sempre dá problema. Dá problema na hora de elevar e descer”. Ele cita alguns empecilhos na hora do embarque: “Os motoristas tem que parar perto da calçada, porque a rampa tem que ficar rente a ela. E muitas vezes a calçada é esburacada ou então tem sacos de lixo nas rampas”.

“Às vezes você pega um motorista que ele não sabe manusear a rampa. É uma coisa que ele não está acostumado. Aí acaba atrapalhando o itinerário dele, por falta de treinamento”, disse o cadeirante Jeferson Andrade.

Jeferson acredita que falta treinamento aos motoristas para manusear a plataforma elevadiça. “Às vezes, você pega um motorista que ele não sabe manusear a rampa. É uma coisa que ele não está acostumado. Aí acaba atrapalhando o itinerário dele, por falta de treinamento”, explicou.


Ao contrário do que diz o diretor de Transportes, Sheila Simões diz que os motoristas não estão preparados para atender os cadeirantes, mas isso ocorre devido às várias funções designadas a eles. “É humanamente impossível uma pessoa dirigir um ônibus, cobrar, voltar troco e ainda ajudar a pessoa com deficiência”, declara.


O casal de cadeirantes, Sonia e Jeferson, conta que dias atrás ficaram três horas debaixo de chuva, na Rua Cerqueira César, esperando o ônibus. “O nosso ônibus quebrou e aí colocaram um ônibus para andante e não para cadeirante. Tirou um adaptado e colocaram um normal. Era o Jardim Amália”, contou Jeferson.


O deficiente visual Luis Gonzaga Peres, da Associação dos Cegos, comenta sobre a falta de cobertura nos pontos e os problemas que os deficientes visuais enfrentam no transporte público. “Nos pontos da rodoviária colocaram umas coberturinhas, mas se tiver chuva mais grossa, não tem como você se esconder”, declarou. “Eles deviam sinalizar os pontos pra gente. Porque se estivermos sozinho, a gente não sabe qual ônibus está vindo. Muitas vezes o ônibus para e você não ouve por causa do tumulto”.

FALTA DE SENSIBILIDADE
Se já não bastassem todos os problemas de acessibilidade no transporte público, os deficientes têm que enfrentar outro grande problema, que é a impaciência e a insensibilidade das pessoas sem deficiência. Segundo Sheila Simões, um dos maiores problemas do transporte público são as pessoas que não respeitam os deficientes. “Para essas pessoas, o deficiente é simplesmente mais um dentro do transporte coletivo. Ele não é visto como uma pessoa que tem necessidades especiais“.

Jeferson diz que as pessoas ficam um pouco nervosas quando o motorista estaciona para embarcar um cadeirante. “O povo fica nervoso e eu não sei o porquê. Uma vez que o ônibus tem o símbolo para cadeirante, ele sabe que uma hora, o veículo vai ter que parar para pegar um”, desabafou. “Então, essas pessoas têm que ter respeito e consciência de que vai embarcar um deficiente”.

E tudo tem um início...

Depois de um ano pensando na possibilidade da criação de um blog, para divulgar meu portfólio, finalmente inaugurei o Robin Hood de Saia. Neste espaço, proponho mostrar alguns dos meus principais trabalhos.

A ideia inicial era criar um blog, possivelmente chamado "DE REPENTE, JORNALISTA", onde eu e mais dois colegas de curso, Célia Natalina e Leandro e Martins, seríamos os mediadores do blog. É claro, que a publicação dos melhores trabalhos de três pessoas seria muito mais interessante e enriquecedor. Mas, diante de tantos compromissos e trabalhos conjuntos com essa dupla, não sobraria tempo para outros trabalhos em grupo.

Hoje, fico pensando que se eu participasse de um blog chamado "DE REPENTE, JORNALISTA", isso não faria muito sentido com a minha história. Quando eu era criança e me perguntavam “o que vai ser quando crescer?”, eu logo dizia as respostas clássicas da idade: médica, dentista ou engenheira. Mas, durante o ensino fundamental, período em que cada vez mais eu chegava perto da responsabilidade da escolha de uma profissão, eu descobri o jornalismo. E de lá pra cá, nunca mais consegui me ver fazendo outra coisa.

A partir daí, começou a busca pelo conhecimento da área. Lia todos os livros relacionados ao jornalismo ou comunicação e acabou que me apaixonei cada vez mais pela profissão. Prestei os vestibulares de universidades públicas mais concorridas no país, até que depois de dois anos de muito esforço, consegui uma bolsa integral de estudos na Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto. Portanto, o jornalismo não foi algo que aconteceu de repente na minha vida. Foi algo que eu batalhei muito para conseguir.

Mesmo sendo técnica em edificações, ter trabalhado como desenhista em Auto-CAD e tendo uma grande influência do meu pai para fazer engenharia civil ou arquitetura, eu fui teimosa e cursei jornalismo e, modéstia a parte, obtive muito sucesso nos quatro anos de estudo. Me considero uma vitoriosa, por ter chegado até aqui depois de tanta persistência.

Bom, espero que você se familiarize com o Robin Hood de Saia e comente meus trabalhos. Seja bem-vindo sempre!